É preciso ser mestre em planejamento urbano para perceber que as cidades, principalmente as das regiões metropolitanas, há muito entraram em colapso?
Constrói-se adoidadamente, pra cima e para os lados, em várzeas e encostas, ocupando-se todos os espaços. As manchas urbanas não crescem, elas incham.
Deveríamos saber que, amontoado em “predinhos” e casinhas, um grande número de pessoas transforma-se num motor de violência. Acompanhe o noticiário. Mata-se pelo saco de lixo colocado fora do lugar, um ruído mais alto ou porque alguém espiou por uma janela.
O ideal seria evoluir de “Minha casa, minha vida” para “Meu bairro, minha vida”. Afinal, não basta ter uma casa, é imprescindível um pouco de espaço para se viver. As malhas viárias das cidades nasceram para carroças, pouco foi ampliado, Hoje os caminhos públicos só são para carros.
A capital ou a cidade maior não resolve problemas, os empurra para as cidades vizinhas. Aumentou o policiamento na cidade de São Paulo? Adivinhe para onde vão bandidos e traficantes. Resolveu algum problema de enchente? Diga aí onde as águas vão parar.
Os Planos Diretores, os projetos desenvolvimentistas de cada município estão longe de acertar uma solução que esta e a próxima geração possam usufruir. Pelo ritmo, décadas passarão até que “cidadania” deixe de ser uma expressão apenas para rechear discursos, mas se garanta como uma palavra praticável.
Pessoas, na verdade, são impessoas. Somos estorvos que servimos apenas para consumir e pagar, pagar, pagar... Cadê o direito constitucional de ir e vir, hoje chamado de mobilidade urbana? Experimente você que tem carro, andar a pé por 500 metros no centro de sua cidade para ver o que é bom.
Não me refiro ao cocô de cachorro, que tem muito, mas é apenas nojento e irritante. Falo das calçadas, que para pessoas fisicamente saudáveis já é um verdadeiro martírio.
Quando estiver caminhando, pense em obesos, idosos, anões, deficientes físicos, visuais ou auditivos, em quem sofreu algum tipo de acidente ou tem problema de coluna. Só uma medida radical, promovida por administradores corajosos e comprometidos com a causa popular poderá ser a solução definitiva.
De certo há várias. Porém a já aplicada, inclusive em regiões do Brasil e que resolveu todos estes problemas, é a criação de novos pólos urbanos.
Já que se constrói tanto para moradia, por que não bairros comerciais? O grau de atrofia que os atuais centros atingiram é irreversível, ficará muito mais caro consertar do que fazer tudo novo.
Cidades com território suficiente podem, simplesmente, projetar um novo centro administrativo e/ou comercial e transferir a muvuca para lá. Por que insistir em ficar tudo embolado?
Nem precisa ser de uma vez, mas dentro de um compasso que não traumatize, já que o brasileiro, risonho, mas meio covarde, tem medo de mudanças bruscas. Inegável é que precisamos repensar as nossas cidades, urgente. PEDRO CAMPOS
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